• O Banco Europeu de Investimento, o Banco de España e o Banco de Portugal realizaram hoje uma conferência subordinada ao tema «Financiamento das empresas: ensinamentos retirados da crise da COVID-19 e desafios futuros.»
  • O BEI apresentou os resultados do seu Inquérito Anual sobre Investimento e Financiamento do Investimento (EIBIS) e o Relatório Anual sobre o Investimento em Espanha e Portugal, que contribuem para a compreensão da dinâmica e das necessidades de investimento.
  • Ricardo Mourinho Félix, vice-presidente do BEI, Elisa Ferreira, comissária europeia responsável pela Coesão e Reformas, e os governadores dos bancos centrais de Espanha e Portugal apresentaram os seus pontos de vista sobre o ambiente empresarial na Península Ibérica após a pandemia.

No âmbito de uma série de eventos organizados para debater as atuais tendências de investimento em diferentes Estados-Membros da UE, o Banco de España, o Banco de Portugal e o Banco Europeu de Investimento organizaram a sua primeira conferência conjunta, dedicada ao tema «Financiamento das empresas: ensinamentos retirados da crise da COVID-19 e desafios futuros.»

O evento, que teve lugar na sede do Banco de España em Madrid, contou com a participação de mais de 70 dirigentes de empresas, banqueiros, economistas e parceiros do setor público. Especialistas apresentaram os principais resultados dos Inquéritos do BEI sobre o Investimento em Espanha e Portugal realizados em 2021, tendo igualmente discutido com os governadores dos bancos centrais o impacto do apoio estratégico disponibilizado durante a crise. O discurso de apresentação esteve a cargo de Elisa Ferreira, comissária europeia responsável pela Coesão e Reformas. Ricardo Mourinho Félix, vice-presidente do Banco Europeu de Investimento, Pablo Hernández de Cos, governador do Banco de España e Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, discutiram as perspetivas para as empresas ibéricas. Os oradores descreveram políticas suscetíveis de apoiar as empresas numa conjuntura económica difícil e marcada pela incerteza, tendo em conta a guerra na Ucrânia.

«De acordo com os relatórios económicos do BEI, as empresas mostram-se cada vez mais favoráveis aos investimentos digitais num mundo pós-pandemia, o que é crucial para manter a competitividade e evitar o agravamento das disparidades entre as regiões. A nossa análise do financiamento de dívida de risco do BEI revela que o valor acrescentado dos beneficiários aumentou, em média, 50 % em relação a empresas comparáveis que não beneficiaram desse financiamento para promover a I&D e a inovação. O Grupo BEI está preparado para ajudar as empresas espanholas e portuguesas a ultrapassar os desafios e os obstáculos que se colocam ao investimento. Conforme discutido hoje na conferência conjunta, é também necessário ter em conta a situação na Ucrânia e coordenar a resposta estratégica ao nível da UE. O BEI preparou um pacote de solidariedade de emergência para a Ucrânia no montante de 2 mil milhões de EUR, que contempla a disponibilização de 668 milhões de EUR em apoio imediato à liquidez a favor das autoridades ucranianas», afirmou Ricardo Mourinho Félix, vice-presidente do Banco Europeu de Investimento nas suas observações finais.

Principais temas debatidos na conferência

O evento de alto nível constituiu uma oportunidade para um debate aprofundado sobre questões que afetam atualmente as empresas espanholas e portuguesas, nomeadamente as necessidades de liquidez resultantes da pandemia, o  Fundo de Garantia Europeu (FGE) e os programas de garantias públicas, os problemas de solvência que as empresas enfrentam devido à pandemia, o possível apoio estratégico, bem como o contributo das ajudas diretas para minimizar esses problemas. A conferência salientou ainda as novas vulnerabilidades emergentes da guerra na Ucrânia, analisando as repercussões das sanções impostas à Rússia para as economias e o sistema financeiro da UE, um tema particularmente pertinente neste ano. De que modo a nova conjuntura afeta a dupla transição?

A recuperação como trampolim para a mudança

O documento de trabalho do BEI discutido na conferência apresenta uma perspetiva sobre o apoio prestado às empresas durante a crise. O estudo faz parte do Inquérito anual do Grupo BEI sobre Investimento e Financiamento do Investimento (EIBIS), uma consulta realizada ao nível da UE a 13 500 empresas com vista à recolha de informações quantitativas sobre as atividades de investimento, tanto das PME como das empresas de maior dimensão, as suas necessidades de financiamento e as dificuldades que enfrentam. O capítulo 3 do Relatório sobre o Investimento do BEI apresenta a recuperação como trampolim para a mudança nas empresas. O relatório revela que o apoio público reforçou a capacidade das empresas para ultrapassar a crise e lança as bases para uma recuperação sustentável que fortaleça a economia a longo prazo.

No contexto da resposta pública à crise da COVID-19, os ministros das Finanças da área do euro decidiram, em 9 de abril de 2020, criar o Fundo de Garantia Europeu (FGE). O FGE foi criado por iniciativa do Grupo BEI, que é também responsável pela sua gestão. Espera-se que os Estados-Membros da UE contribuam até 25 mil milhões de EUR sob a forma de garantias. O fundo visa disponibilizar financiamento adicional às empresas europeias, em especial às pequenas e médias empresas, para que possam resistir ao choque económico e, posteriormente, crescer.

Vulnerabilidades emergentes da guerra na Ucrânia

O BEI preparou um pacote de solidariedade de emergência para a Ucrânia no montante de 2 mil milhões de EUR, que contempla a disponibilização de 668 milhões de EUR em apoio imediato à liquidez a favor das autoridades ucranianas. No âmbito deste pacote, desenvolvido em estreita colaboração com a Comissão Europeia, o Banco está também a acelerar o desembolso de fundos autorizados para projetos de infraestruturas, num montante adicional de 1,3 mil milhões de EUR. Do apoio de emergência à liquidez, foram já desembolsados 329 milhões de EUR. Paralelamente, o Banco está a desenvolver um pacote de vários milhares de milhões de euros destinado aos países da Vizinhança Oriental e Meridional da UE, à Região do Alargamento da UE e à Ásia Central, com vista a atenuar as consequências da crise dos refugiados e a fazer face aos efeitos económicos e sociais da guerra. Na UE, o BEI trabalhará em estreita colaboração com os Estados-Membros, os bancos de fomento nacionais e a Comissão Europeia para elaborar um plano de ação que ajude a reduzir o impacto da crise dos refugiados nos países da UE que os acolhem.